É um inseto voador e sugador bem pequeno, considerada uma das pragas mais terríveis pelos agricultores! Pois causa grandes prejuízos em áreas agrícolas. Ela é da ordem Hemiptera e possui 2 pares de asas. Ela extrai aminoácidos e carboidratos através da sucção da seiva via floema da planta. Esses nutrientes são necessários para sua sobrevivência. Esta alimentação faz com que a mosca branca seja muito eficaz em se proliferar, adquirir e transmitir vírus associados aos tecidos vasculares de plantas contaminadas, onde acabam levando contaminação à plantas saudáveis.
A mosca-branca é uma praga que não faz distinção de alimentos, pois seu apetite é altamente voraz. Ela pode se alimentar de mais de 500 tipos de culturas comerciais e silvestres e ela está espalhada por quase todos os países de clima tropical. Mantê-la sob controle é uma tarefa que tem mobilizado esforços de diversas cadeias produtivas que se preocupam com o impacto negativo na produtividade.
Ela ataca fortemente culturas que movimentam nosso mercado interno e externo como:
Soja, tomate, feijão, algodão, café, batata, citros, pimentão, abobora, pepino, repolho, jiló, melão, berinjela, hortaliças, plantas ornamentais, pimentas, mamão entre outras culturas.
Dependendo das condições ambientais e da planta hospedeira, o ciclo de vida da mosca-branca pode variar de 15 a 28 dias. Sendo assim, quanto maior a temperatura, maior o número de gerações, podendo alcançar até 15 gerações por ano.
A fêmea tem a capacidade de postura que vai de 100 a 300 ovos, durante todo seu ciclo de vida. Em uma temperatura de 16ºC, o ciclo completa-se em 70 dias, já a 26ºC completa-se em 22 dias. A 32 ºC, o ciclo é de, aproximadamente, 19 dias. Assim, quanto mais quente, menor será o ciclo da praga, podendo ter até duas gerações ao mês na mesma lavoura.
Ovos – Os ovos medem aproximadamente 0,2 mm e são colocados na face inferior das folhas jovens. Nas primeiras horas após a postura. Eles possuem um formado alongado com um pedúnculo de cor branca amarelada, que se torna marrom escura no final. Seu ciclo é de 1 a 5 dias.
Ninfas – As ninfas são translúcidas, exibem coloração amarela e possuem quatro instares. Após o período de 5 a 7 dias da ovo-posição, ocorre o início da eclosão das ninfas. Entretanto, esse tempo em geral, pode variar em função das condições climáticas e do hospedeiro. A ninfa no 1 estágio se locomove, até achar um local mais propício para se estabelecer e começar se alimentar. Elas ficam imóveis passando por 3 instares até virar pupa.
Instar – Pupa ou N4 – Continuam fixas sugando a seiva da planta por algum tempo
Adultos (machos e fêmeas) – Os adultos medem cerca de 1,0 mm de comprimento, sendo a fêmea maior que o macho. Os insetos nesse estágio têm o dorso amarelo-pálido possuindo dois pares de asas membranosas de cor branca.
A mosca branca tanto na fase de ninfa como fase adulta causa sérios problemas como:
A introdução de toxinas nas plantas, causa alteração no desenvolvimento da planta, reduzindo a produtividade e a qualidade da produção. Porém os níveis de danos nas lavouras variam de acordo com a cultura.
Os cultivos de tomate e olericulturas, podem ser os mais prejudicados pela mosca branca, com elevadas perdas econômicas. Ela causa danos diretos e indiretos:
Direto – São causados pela ação das toxinas açucaradas que o inseto libera na seiva da planta ao fazer a sucção no floema realizado pela ninfa e pelo adulto. Isso causa vários problemas como:
Indireto – São causados, sob ação dos vírus, generalizando apresentam sintomatologias pela transmissão de vírus, principalmente os pertencentes ao grupo geminivírus causando vários problemas como:
Internamente os frutos são esbranquiçados, com aspecto esponjoso, ou “isoporizados”
Na soja infestações altas são consideradas infestações com mais de 15 ninfas por fólio. Geralmente contamos mais de 30 ninfas em um espaço de 2cm por 2cm na folha. Já chegamos a constatar mais de 100 ninfas em uma folha de soja. A partir de 15 ninfas por fólio pode-se ter problemas de produtividade.
Se ocorrer mais de 15 ninfas e a soja estiver em estádio R6 o produtor não terá problemas na produção, mas se a soja estiver em estádio R2 e R3, por exemplo, em início de floração, o produtor pode deixar de produzir de três a quatro sacas a menos por hectare.
A infestação na soja muitas vezes ocorre quando a oleaginosa atinge os estádios R3, R4 e R5 ou até mesmo próximo da colheita. Quando a incidência começa nos últimos estádios de desenvolvimento da soja (ponto de colheita). Neste caso não se chega a ter problemas de produtividade.
Muitas vezes ao final da cultura da soja não é realizado um controle “muito bom” para a mosca branca e essa população que já está alta na soja acaba sendo um problema para a cultura do algodão. “O controle para essa praga é mais difícil, pois há produtos que controlam os adultos e não controlam as ninfas e vice-versa. Então, o produtor terá que fazer uma mistura de produtos.
O ideal é que se use com mais frequência produtos que controlem as ninfas do que os que controlam os adultos, porque senão ele controla apenas o adulto, sendo que os ovos já foram colocados. No caso do algodão, a praga prejudica a comercialização da fibra, porque a substância adocicada que a mosca branca expele ao ingerir a seiva da planta altera a composição da fibra.
Os vírus transmitidos pela mosca branca causam doenças bastante severas nas culturas provocando grandes prejuízos e percas econômicas aos produtores rurais.
Entre eles segue alguns mais conhecidos pelos agricultores. Vírus begomovírus ou geminivírus – em tomate, jiló e pimentão;
A orientação dos estudiosos, dita que o produtor deve fazer um plano de amostragem criterioso, que deve ser contínuo e repetido a cada três dias. Além disso, deve eliminar plantas hospedeiras antes do plantio e imediatamente depois da colheita, destruir os restos de cultura, fazer uso correto de inseticidas e o controle das ninfas (fase jovem do inseto).
Outra medida é a rotação de cultura, porque dessa forma há quebra no ciclo da praga. O ideal é a rotação com gramíneas. O milho é uma perfeita opção para a rotação, pois as lavouras de milho não são hospedeiras frequentes. “Essas são medidas que devem ser adotadas por todos, pois se só alguns produtores fizerem, o manejo não funcionará, já que o adulto é capaz de migrar entre as lavouras”
Existem várias formas de controle além dos químicos de acordo com o Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Esses controles são feitos antes, durante e depois do cultivo.
Existem vários tipos de controles biológicos.
Entomopatógenos – Fungos Benéficos – parasitam, contaminam e se alimentam do inseto.
Inimigos Naturais – Insetos predadores do bem que se alimentam de outros insetos.
Parasitoides – Ao contrário dos parasitas, os parasitoides matam seus hospedeiros para se alimentar, desenvolver e completar seu ciclo de vida.
O tratamento biológico para mosca branca mais utilizado hoje, é o controle com os fungos benéficos (entomopatógenos) que tem uma maior facilidade se tratando nas formas de utilização, técnicas de aplicações, custos e manejos operacionais.
Hoje a forma mais eficiente de controle de mosca branca, encontrada pela maior parte dos agricultores é o tratamento com fungos entomopatgênicos. Segundo a literatura os fungos mais eficientes para o controle são da espécie Isaria Fumosorosea e Isaria Javanica (Paecilomyces). Pois estes fungos benéficos são bastante agressivos e tem alta capacidade de esporulação, contaminação e parasitação na mosca branca.
O fungo Isaria fumosorosea, antigamente chamado Paecilomyces fumosoroseus, se encontra em quase todo o mundo infectando naturalmente diversas espécies de insetos da ordem Diptera, Hemiptera e Hymenoptera.
Diversos estudos têm demonstrado que o fungo I. fumosorosea é patógeno da mosca-branca, observando que as ninfas são mais suscetíveis que os adultos, devido a serem imóveis e apresentam um corpo mais fino e delicado.
O processo de infecção do fungo I. fumosorosea começa quando as estruturas reprodutivas do fungo (conídios) entram em contato com a mosca-branca e os conídios germinam sobre o corpo do inseto, formando um tubo germinativo que, por pressão e produção de compostos químicos (enzimas), degrada a cutícula e penetra no interior do inseto.
Durante a colonização interna, o fungo produz toxinas que provocam a morte do inseto. Finalmente, se as condições ambientais são favoráveis (elevada umidade), o fungo cresce pelo exterior do corpo da praga, formando estruturas brancas (micélios) que originam grandes quantidades de conídios na superfície do inseto morto (fenômeno chamado de “esporulação“). Assim, os conídios produzidos podem ser disseminados entre outros insetos e iniciar novos ciclos de infecção.
No campo é possível observar a infecção natural de mosca-branca com o fungo I. fumosorosea, onde as ninfas e adultos ficam aderidos a folha e apresentam estruturas brancas que cobrem o corpo do inseto com aspecto similar ao algodão.
Estudos em laboratório com a mosca-branca Bemisia tabaci biótipo B demonstraram que a aplicação de conídios de I. fumosorosea causa a morte de 60 a 80% dos adultos, e mais de 70% das ninfas.
A eficiência de controle deste fungo em condições de campo depende principalmente da tecnologia de aplicação utilizada e do momento de aplicação. O aspecto mais importante é conhecer o estado de desenvolvimento da mosca-branca nas plantas e o nível da população na cultura para tomar a decisão de quando é necessário fazer a aplicação do fungo.
Para isso é necessário que os produtores inspecionem as lavouras semanalmente para o monitoramento da mosca-branca, lembrando que no estrato superior das plantas se encontram os adultos, e nos estratos do meio e inferior se encontram as ninfas.
Para melhorar o controle da mosca-branca é necessário começar com o monitoramento desde os primeiros estádios fenológicos da planta, e assim que for detectada a presença da mosca-branca na lavoura iniciar rapidamente as aplicações áreas do fungo I. fumosorosea.
As pulverizações do fungo não podem ser utilizadas de forma preventiva na lavoura porque o modo de ação do fungo é por contato direto no corpo da mosca-branca, e não terá efeito se o inseto permanecer nas folhas por longos períodos.
Outros fungos entomopatogênicos também proporcionam um controle bem eficiente.
Fungos Beauveria Bassiana e Metarhisium – Possuem alta eficiência na esporulação e na contaminação de ninfas e adultos da mosca branca.
Fungo Lecanicillium (Verticillium) – é um microrganismo que infecta e mata a mosca-branca em vários estágios de crescimento
Fungo Aschersonia aleyrodis – é do gênero de fungos da ordem Hypocreales e família Clavicipitaceae. Tem alguns estudos relatando a efetividade em ninfas de mosca branca, porém sua eficiência é maior no controle de mosca negra e cochonilha das carapaças em citros.
Existem registros de espécies de artrópodes descritas como predadores de mosca-branca como:
O controle biológico da mosca-branca pode ser feito de maneira natural, em que você forneça condições para que os insetos ou fungos benéficos possam permanecer na área.
Em períodos de altas infestações da mosca branca, podem ser liberados uma população massiva de inimigos naturais produzidos em laboratório para se ter um controle eficiente. Porém deve ser utilizado inseticidas seletivos para que não mate os inimigos naturais e perca-se todo o trabalho.
Este método de controle não é o mais utilizado, pelas dificuldades de encontrar e comprar os inseticidas seletivos, por questões de manejo e custos operacionais.
Ao contrário dos parasitas, os parasitóides levam seu hospedeiro à morte. Para que seu ciclo de vida se complete, ele acaba por matar, lentamente, a vida do hospedeiro.
São em média de seis famílias da ordem Hymenoptera, mas os principais gêneros são Encarsia (e Eretmocerus da família Aphylinidae).
Por exemplo a Vespinha parasitoide (Encarsia formosa): esta espécie é parasitoide da mosca-branca e cochonilha-de-carapaça. Ela ovo-posita na fase de ninfa da mosca branca.
O controle químico com uso de inseticidas registrados deve ser realizado levando em conta a rotação de inseticidas com modo de ação distintos.
Alguns produtos, devido ao uso contínuo para controle dessa praga, perderam a eficiência devido ao desenvolvimento da resistência.
A seguir, alguns ingredientes ativos registrados para controle da mosca-branca que você pode usar para rotacionar o modo de ação:
Fontes: Embrapa, Grupo Cultivar, Aegro, Revista Campo Negócios, Portal São Francisco, Semeagro, Agron