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Controle Biológico ajuda combater Lagarta do Cartucho no Milho

Praga pode reduzir até 52% da produção da cultura do Milho

A lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda, é uma das principais pragas da cultura do milho e pode reduzir a produção do grão em entre 34% e 52%. Além disso, segundo a Embrapa, esse inseto pode atacar mais de 100 culturas, entre elas sorgo, soja, arroz, algodão, soja e pastagem.

A Embrapa considera o Manejo Integrado de Pragas (MIP) uma opção para o controle da lagarta com resultados favoráveis em termos econômicos, ecológicos e sociológicos.

“Uma das bases do MIP é o monitoramento de insetos que ocorrem na cultura, definindo o que é praga primária e secundária, e o que é inimigo natural, o que é fundamental para a tomada de decisão do que aplicar e quando aplicar”, afirma o pesquisador Fernando Hercos Valicente, da Embrapa Milho e Sorgo. Ele acrescenta que o monitoramento pode ser feito para todos os insetos, desde os que atacam na fase inicial até a espiga. Outra estratégia é o tratamento de sementes visando o controle de pragas, principalmente nas áreas que apresentam um histórico de ataques.

De acordo com Valicente, atualmente recomenda-se, além da rotação de culturas, a “rotação de genes”, para tentar mitigar o aparecimento de resistência a campo. O que se observa é um ataque indiscriminado da lagarta-do-cartucho na cultura do milho, em diversas regiões do país.

Outro fator é a seletividade de inseticidas químicos. “Antigamente eram usados químicos com amplo espectro de ação, o que ocasionou danos como a morte indiscriminada de inimigos naturais e o surgimento de insetos resistentes. Hoje, a orientação é para o uso de inseticidas fisiológicos que atuam somente sobre a fisiologia do inseto, bem como aplicação com jato dirigido para o cartucho da planta, no caso da lagarta-do-cartucho do milho”, explica.

Uma das alternativas é o controle biológico da lagarta-do-cartucho, realizado através do uso de bioinseticidas à base de Baculovirus e Bacillus thuringiensis, agentes produzidos no Brasil em biofábricas. “O baculovírus, inseticida biológico em pó desenvolvido pela Embrapa, atua especificamente contra a praga, sem eliminar outros insetos que existam na lavoura, além de reduzir custos na lavoura, o que torna uma alternativa mais segura ao uso de inseticidas químicos, que apresentam alta toxicidade”, observa.

Valicente acrescenta que a Embrapa Milho e Sorgo desenvolveu o produto Baculovírus a partir de um vírus específico que existe na natureza e que age sobre a lagarta, podendo ser usado com segurança por qualquer agricultor. Ele explica que o baculovírus compõe o grupo mais comum e mais estudado dentre os vírus patogênicos a insetos.

A produção em larga escala do B. spodoptera é realizada em laboratório utilizando-se lagartas sadias criadas artificialmente como hospedeiras. Há uma biofábrica em Uberaba, MG, a Vitae Biotecnologia, do grupo Vitae, cuja produção começou em 2013 e está na fase de escala piloto. “O Baculovirus é recomendado para ser usado em áreas de refúgio de milho Bt, quando nestas áreas se fizer necessário o uso do MIP”, orienta Valicente.

Já o Bacillus thuringiensis, explica o pesquisador, é uma bactéria Gram positiva, cosmopolita, que ocorre naturalmente em vários habitats incluindo solo, resíduos de grãos, poeira, água, matéria vegetal e insetos. Pode ser cultivado usando meios alternativos ou subprodutos de indústria e da agricultura. “Várias fontes de carbono a preços reduzidos podem ser usadas, tais como glucose de milho, melaço de cana, melaço de beterraba e amido de alguns cereais e, como fonte de nitrogênio, farinha de soja, extrato de soja, levedura e água de maceração de milho”, diz. Valicente informa que atualmente a produção comercial de biopesticida à base de Bacillus thuringiensis em escala comercial já é muito difundida no Brasil e está disponível ao produtor na formulação líquida e grânulo.

A aplicação de bioinseticidas deve ser feita sempre que a praga alcançar o nível de controle, ou mesmo de forma preventiva. Como em muitas regiões o ataque de lagartas se inicia pouco tempo após a emergência das plantas, os primeiros sinais do ataque devem ser rapidamente identificados para que as aplicações desses microrganismos sejam feitas, uma vez que levam alguns dias a mais para causarem morte das lagartas em comparação com inseticidas químicos.

Fonte: Sociedade Nacional de Agricultura

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Mosca Branca! O que é, o que faz, como vive e como eliminar?

O que é a mosca branca (espécie Bemisia Tabaci)? Reconhecimento da praga

É um inseto voador e sugador bem pequeno, considerada uma das pragas mais terríveis pelos agricultores! Pois causa grandes prejuízos em áreas agrícolas. Ela é da ordem Hemiptera e possui 2 pares de asas. Ela extrai aminoácidos e carboidratos através da sucção da seiva via floema da planta. Esses nutrientes são necessários para sua sobrevivência. Esta alimentação faz com que a mosca branca seja muito eficaz em se proliferar, adquirir e transmitir vírus associados aos tecidos vasculares de plantas contaminadas, onde acabam levando contaminação à plantas saudáveis.

A mosca-branca é uma praga que não faz distinção de alimentos, pois seu apetite é altamente voraz. Ela pode se alimentar de mais de 500 tipos de culturas comerciais e silvestres e ela está espalhada por quase todos os países de clima tropical. Mantê-la sob controle é uma tarefa que tem mobilizado esforços de diversas cadeias produtivas que se preocupam com o impacto negativo na produtividade.

Ela ataca fortemente culturas que movimentam nosso mercado interno e externo como:
Soja, tomate, feijão, algodão, café, batata, citros, pimentão, abobora, pepino, repolho, jiló, melão, berinjela, hortaliças, plantas ornamentais, pimentas, mamão entre outras culturas.

Ciclo reprodutivo e estágios da mosca branca

Dependendo das condições ambientais e da planta hospedeira, o ciclo de vida da mosca-branca pode variar de 15 a 28 dias. Sendo assim, quanto maior a temperatura, maior o número de gerações, podendo alcançar até 15 gerações por ano.

A fêmea tem a capacidade de postura que vai de 100 a 300 ovos, durante todo seu ciclo de vida. Em uma temperatura de 16ºC, o ciclo completa-se em 70 dias, já a 26ºC completa-se em 22 dias. A 32 ºC, o ciclo é de, aproximadamente, 19 dias. Assim, quanto mais quente, menor será o ciclo da praga, podendo ter até duas gerações ao mês na mesma lavoura.

ciclo reprodutivo mosca branca
Devido ao crescimento continuo das plantas hospedeiras, os últimos instares das ninfas se localizam na parte inferior das folhas, no terço médio ou inferior das plantas, onde emergem os adultos, que migram até novas plantas para copular e iniciar uma nova postura de ovos.
mosca_branca_argobrazil ovos de mosca branca na soja

Ovos – Os ovos medem aproximadamente 0,2 mm e são colocados na face inferior das folhas jovens. Nas primeiras horas após a postura. Eles possuem um formado alongado com um pedúnculo de cor branca amarelada, que se torna marrom escura no final. Seu ciclo é de 1 a 5 dias.

Ninfas – As ninfas são translúcidas, exibem coloração amarela e possuem quatro instares. Após o período de 5 a 7 dias da ovo-posição, ocorre o início da eclosão das ninfas. Entretanto, esse tempo em geral, pode variar em função das condições climáticas e do hospedeiro. A ninfa no 1 estágio se locomove, até achar um local mais propício para se estabelecer e começar se alimentar. Elas ficam imóveis passando por 3 instares até virar pupa.

instar pupa de mosca branca na soja

Instar – Pupa ou N4 – Continuam fixas sugando a seiva da planta por algum tempo

Adultos (machos e fêmeas) – Os adultos medem cerca de 1,0 mm de comprimento, sendo a fêmea maior que o macho. Os insetos nesse estágio têm o dorso amarelo-pálido possuindo dois pares de asas membranosas de cor branca.

Atuação da mosca branca

A mosca branca tanto na fase de ninfa como fase adulta causa sérios problemas como:

  • Retirada de aminoácidos e carboidratos que seriam vitais para o crescimento das plantas;
  • Alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo das culturas por causa das toxinas injetadas;
  • Indução do crescimento de fungos que provocam a fumagina, causada pelo fungo Capnodium sp. sobre as folhas. A fumagina apresenta coloração preta que dificulta a captação dos raios solares, com isso reduz a capacidade fotossintética da planta.

Vantagens que a mosca branca tem

  • Ter alta taxa reprodutiva, principalmente em locais com temperaturas mais elevadas;
  • Tem facilidade para criar resistência aos inseticidas químicos, o que contribui para o aumento da praga e disseminação dos vírus que causam doenças.
  • Tem fácil dispersão, pois ao se sentir ameaçada ela voa com facilidade;
  • Pode transmitir mais de 120 espécies de vírus nos cultivos. Com isso as plantas param de crescer, adoecem, não produzem e podem morrem.

Danos e prejuízos que a mosca branca causa na curtura do Tomate

A introdução de toxinas nas plantas, causa alteração no desenvolvimento da planta, reduzindo a produtividade e a qualidade da produção. Porém os níveis de danos nas lavouras variam de acordo com a cultura.

Os cultivos de tomate e olericulturas, podem ser os mais prejudicados pela mosca branca, com elevadas perdas econômicas. Ela causa danos diretos e indiretos:

Direto – São causados pela ação das toxinas açucaradas que o inseto libera na seiva da planta ao fazer a sucção no floema realizado pela ninfa e pelo adulto. Isso causa vários problemas como:

  • Redução do processo fotossintético impedindo o crescimento das plantas (fumagina); (figura 1)
  • Alterações no desenvolvimento das plantas, na qualidade dos frutos e redução da produtividade; (figura 1)
  • Esbranquiçamento nos frutos, com aspecto esponjoso ou “isoprizados”; (figura 2)
  • Amadurecimento irregular dos frutos, dificultando o ponto de colheita, reduzindo a produção;
  • Perca de qualidade da pasta em tomate industrial. (figura 3)

Indireto – São causados, sob ação dos vírus, generalizando apresentam sintomatologias pela transmissão de vírus, principalmente os pertencentes ao grupo geminivírus causando vários problemas como:

  • Os folíolos adquirem uma clorose entre as nervuras, evoluindo para um mosaico amarelo. Posteriormente, os sintomas se generalizam, e as folhas ficam com intensa rugosidade, podendo ocorrer o dobramento ou enrolamento dos bordos para cima;
  • Necroses e Securas parcialmente nas folhas;
  • Floração reduzida e descoloração dos frutos;
  • Baixo grau de brix;
  • Perdas parciais ou totais do rendimento da cultura, se a infecção ocorrer nos estádios de desenvolvimento das plantas, entre 35 a 45 dias após o transplante das mudas.
tomate mosca branca figura 1
figura 1
figura 2

Internamente os frutos são esbranquiçados, com aspecto esponjoso, ou “isoporizados”

tomate mosca branca figura 2
figura 3
Infestações muito intensas ocasionam murcha, queda de folhas e perda de frutos. Em tomate para processamento industrial, ocorre o amadurecimento irregular dos frutos, provavelmente causado pela toxina injetada pelo inseto. Isso dificulta o reconhecimento do ponto de colheita dos frutos e reduz a produção e a qualidade da pasta

Mosca Branca Biotipo ”Q” Resistente

Um outro problema da mosca branca é a ocorrência da espécie Bemisia tabaci “biótipo Q” que já foi encontrada na região Sudeste do Brasil. “Deve ser motivo de preocupação para todos, isso porque esse biótipo é resistente à maioria dos inseticidas quimicos e é vetor de outros vírus”. O “biótipo Q” transmite o geminivírus e o Tomato Yellow Leaf Curl Virus (TYLCV), que é exótico no País. “Se introduzido no Brasil, pode causar danos severos à tomaticultura nacional”.

Danos e prejuízos que Mosca branca causa na soja e algodão

Na soja infestações altas são consideradas infestações com mais de 15 ninfas por fólio. Geralmente contamos mais de 30 ninfas em um espaço de 2cm por 2cm na folha. Já chegamos a constatar mais de 100 ninfas em uma folha de soja. A partir de 15 ninfas por fólio pode-se ter problemas de produtividade.

Se ocorrer mais de 15 ninfas e a soja estiver em estádio R6 o produtor não terá problemas na produção, mas se a soja estiver em estádio R2 e R3, por exemplo, em início de floração, o produtor pode deixar de produzir de três a quatro sacas a menos por hectare.

A infestação na soja muitas vezes ocorre quando a oleaginosa atinge os estádios R3, R4 e R5 ou até mesmo próximo da colheita. Quando a incidência começa nos últimos estádios de desenvolvimento da soja (ponto de colheita). Neste caso não se chega a ter problemas de produtividade.

Muitas vezes ao final da cultura da soja não é realizado um controle “muito bom” para a mosca branca e essa população que já está alta na soja acaba sendo um problema para a cultura do algodão. “O controle para essa praga é mais difícil, pois há produtos que controlam os adultos e não controlam as ninfas e vice-versa. Então, o produtor terá que fazer uma mistura de produtos.

O ideal é que se use com mais frequência produtos que controlem as ninfas do que os que controlam os adultos, porque senão ele controla apenas o adulto, sendo que os ovos já foram colocados. No caso do algodão, a praga prejudica a comercialização da fibra, porque a substância adocicada que a mosca branca expele ao ingerir a seiva da planta altera a composição da fibra.

Mosca branca chega a dar prejuízos de até 5 cacas por hectare

Vírus transmitidos pela mosca branca

Os vírus transmitidos pela mosca branca causam doenças bastante severas nas culturas provocando grandes prejuízos e percas econômicas aos produtores rurais.

Entre eles segue alguns mais conhecidos pelos agricultores.  Vírus begomovírus ou geminivírus – em tomate, jiló e pimentão;

As begomoviroses estão espalhadas por todo o território brasileiro. São várias as espécies de begomovírus que causam doença em tomateiro no Brasil – foram relatadas pelo menos 11 espécies. Os principais sintomas de infecção por begomovírus em tomateiro são: clareamento de nervuras; manchas cloróticas nas folhas, que variam de mosqueado a mosaico intenso; deformação e enrolamento das folhas. diminuição da área foliar; nanismo; apesar de não haver expressão de sintomas nos frutos, há redução do tamanho e quantidade de frutos; quando em infecção precoce, os sintomas são mais severos e há uma paralisação no crescimento da planta.
begomovirus
Dentre os vírus transmitidos por esta espécie destaca-se o gênero Begomovirus, que atingi 700 espécies de monocotiledôneas e dicotiledôneas. No Brasil, é responsável por perdas de até 100% em culturas como pepino, repolho, pimentão, tomate e jiló.

Como prevenir a mosca branca?

A orientação dos estudiosos, dita que o produtor deve fazer um plano de amostragem criterioso, que deve ser contínuo e repetido a cada três dias. Além disso, deve eliminar plantas hospedeiras antes do plantio e imediatamente depois da colheita, destruir os restos de cultura, fazer uso correto de inseticidas e o controle das ninfas (fase jovem do inseto).

Outra medida é a rotação de cultura, porque dessa forma há quebra no ciclo da praga. O ideal é a rotação com gramíneas. O milho é uma perfeita opção para a rotação, pois as lavouras de milho não são hospedeiras frequentes. “Essas são medidas que devem ser adotadas por todos, pois se só alguns produtores fizerem, o manejo não funcionará, já que o adulto é capaz de migrar entre as lavouras”

Formas de controle da mosca branca

Existem várias formas de controle além dos químicos de acordo com o Manejo Integrado de Pragas (MIP).

  • Controle cultural ou fitossanitário
  • Controle Biológico
  • Controle Químico

Controle Cultural ou Fitossanitário

Esses controles são feitos antes, durante e depois do cultivo.

  • Eliminar restos culturais para impedir o ciclo da praga
  • Barreiras vivas para impedir a disseminação pelo vento (olericulturas)
  • Eliminar plantas que estejam contaminadas com vírus
  • Uso de cultivares resistentes. Uma das variedades mais tolerante para soja é a cultivar “Barreiras” para as regiões do sudoeste da BA. Outras fontes tolerantes têm sido buscadas.
  • Fazer o plantio com mudas e sementes sadias e bem tratadas
  • Uso de armadilhas para reduzir a população da praga (armadilha adesiva amarela ou uso de armadilha luminosa) em olericulturas e campo aberto ou ambientes protegidos
  • Manter a lavoura livre de plantas daninhas hospedeiras de mosca-branca

Controle Biológico

Existem vários tipos de controles biológicos.

Entomopatógenos – Fungos Benéficos – parasitam, contaminam e se alimentam do inseto.

Inimigos Naturais – Insetos predadores do bem que se alimentam de outros insetos.

Parasitoides – Ao contrário dos parasitas, os parasitoides matam seus hospedeiros para se alimentar, desenvolver e completar seu ciclo de vida.

O tratamento biológico para mosca branca mais utilizado hoje, é o controle com os fungos benéficos (entomopatógenos) que tem uma maior facilidade se tratando nas formas de utilização, técnicas de aplicações, custos e manejos operacionais.

Fungos benéficos (Entomopatógenos)

Hoje a forma mais eficiente de controle de mosca branca, encontrada pela maior parte dos agricultores é o tratamento com fungos entomopatgênicos. Segundo a literatura os fungos mais eficientes para o controle são da espécie Isaria Fumosorosea e Isaria Javanica (Paecilomyces). Pois estes fungos benéficos são bastante agressivos e tem alta capacidade de esporulação, contaminação e parasitação na mosca branca.

O fungo Isaria fumosorosea, antigamente chamado Paecilomyces fumosoroseus, se encontra em quase todo o mundo infectando naturalmente diversas espécies de insetos da ordem Diptera, Hemiptera e Hymenoptera.
Diversos estudos têm demonstrado que o fungo I. fumosorosea é patógeno da mosca-branca, observando que as ninfas são mais suscetíveis que os adultos, devido a serem imóveis e apresentam um corpo mais fino e delicado.

O processo de infecção do fungo I. fumosorosea começa quando as estruturas reprodutivas do fungo (conídios) entram em contato com a mosca-branca e os conídios germinam sobre o corpo do inseto, formando um tubo germinativo que, por pressão e produção de compostos químicos (enzimas), degrada a cutícula e penetra no interior do inseto.

Durante a colonização interna, o fungo produz toxinas que provocam a morte do inseto. Finalmente, se as condições ambientais são favoráveis (elevada umidade), o fungo cresce pelo exterior do corpo da praga, formando estruturas brancas (micélios) que originam grandes quantidades de conídios na superfície do inseto morto (fenômeno chamado de “esporulação“). Assim, os conídios produzidos podem ser disseminados entre outros insetos e iniciar novos ciclos de infecção.

No campo é possível observar a infecção natural de mosca-branca com o fungo I. fumosorosea, onde as ninfas e adultos ficam aderidos a folha e apresentam estruturas brancas que cobrem o corpo do inseto com aspecto similar ao algodão.

Estudos em laboratório com a mosca-branca Bemisia tabaci biótipo B demonstraram que a aplicação de conídios de I. fumosorosea causa a morte de 60 a 80% dos adultos, e mais de 70% das ninfas.

mosca branca fungo isaria fumosorosea 2

Eficiência do Isaria Fumosorosea no controle e manejo da Mosca Branca

A eficiência de controle deste fungo em condições de campo depende principalmente da tecnologia de aplicação utilizada e do momento de aplicação. O aspecto mais importante é conhecer o estado de desenvolvimento da mosca-branca nas plantas e o nível da população na cultura para tomar a decisão de quando é necessário fazer a aplicação do fungo.

Para isso é necessário que os produtores inspecionem as lavouras semanalmente para o monitoramento da mosca-branca, lembrando que no estrato superior das plantas se encontram os adultos, e nos estratos do meio e inferior se encontram as ninfas.

Para melhorar o controle da mosca-branca é necessário começar com o monitoramento desde os primeiros estádios fenológicos da planta, e assim que for detectada a presença da mosca-branca na lavoura iniciar rapidamente as aplicações áreas do fungo I. fumosorosea.

As pulverizações do fungo não podem ser utilizadas de forma preventiva na lavoura porque o modo de ação do fungo é por contato direto no corpo da mosca-branca, e não terá efeito se o inseto permanecer nas folhas por longos períodos.

Outros fungos entomopatogênicos também proporcionam um controle bem eficiente.

Fungos Beauveria Bassiana e Metarhisium – Possuem alta eficiência na esporulação e na contaminação de ninfas e adultos da mosca branca.

Fungo Lecanicillium (Verticillium) – é um microrganismo que infecta e mata a mosca-branca em vários estágios de crescimento

Fungo Aschersonia aleyrodis – é do gênero de fungos da ordem Hypocreales e família Clavicipitaceae. Tem alguns estudos relatando a efetividade em ninfas de mosca branca, porém sua eficiência é maior no controle de mosca negra e cochonilha das carapaças em citros.

Predadores

Existem registros de espécies de artrópodes descritas como predadores de mosca-branca como:

  • Coleoptera – Espécies de joaninhas como Coleomegilla maculata e Eriopis connexa.
  • Hemiptera – Espécies – Anthocoridae, Berytidae, Lygaeidae, Miridae, Nabidae e Reduviidae.
  • Neuroptera – Chrysoperla spp. e Ceraeochrysa spp.
  • Ácaros da família Phytoseiidae – Amblydromalus limonicus, Amblyseius herbicolus, Amblyseius largoensis, Amblyseius tamatavensis e Neoseiulus tunus.

O controle biológico da mosca-branca pode ser feito de maneira natural, em que você forneça condições para que os insetos ou fungos benéficos possam permanecer na área.

Em períodos de altas infestações da mosca branca, podem ser liberados uma população massiva de inimigos naturais produzidos em laboratório para se ter um controle eficiente. Porém deve ser utilizado inseticidas seletivos para que não mate os inimigos naturais e perca-se todo o trabalho.

Este método de controle não é o mais utilizado, pelas dificuldades de encontrar e comprar os inseticidas seletivos, por questões de manejo e custos operacionais.

Parasitóides

Ao contrário dos parasitas, os parasitóides levam seu hospedeiro à morte. Para que seu ciclo de vida se complete, ele acaba por matar, lentamente, a vida do hospedeiro.

São em média de seis famílias da ordem Hymenoptera, mas os principais gêneros são Encarsia (e Eretmocerus da família Aphylinidae).

Por exemplo a Vespinha parasitoide (Encarsia formosa): esta espécie é parasitoide da mosca-branca e cochonilha-de-carapaça. Ela ovo-posita na fase de ninfa da mosca branca.

parasitoides vespinha

Controle Químico

O controle químico com uso de inseticidas registrados deve ser realizado levando em conta a rotação de inseticidas com modo de ação distintos.

Alguns produtos, devido ao uso contínuo para controle dessa praga, perderam a eficiência devido ao desenvolvimento da resistência.

A seguir, alguns ingredientes ativos registrados para controle da mosca-branca que você pode usar para rotacionar o modo de ação:

Fontes: Embrapa, Grupo Cultivar, Aegro, Revista Campo Negócios, Portal São Francisco, Semeagro, Agron

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O Fungo Isaria fumosorosea elimina 85% da cigarrinha do milho

Bioinseticida tem ação prolongada contra o inseto, cuja ocorrência aumentou em vários estados do nosso Brasil

Um inseticida biológico desenvolvido a partir do fungo Isaria fumosorosea pode reduzir em até 85% a presença de cigarrinha-do-milho em lavouras do grão. Nesta safra, inclusive, os históricos de clima e ocorrência da praga apontam para uma alta probabilidade de incidência do inseto.

O microbiológico tem ação prolongada e mais chances de atingir os insetos, sem elevar sua resistência.

As infestações na segunda safra, com plantio normalmente realizado em janeiro, costumam ser menores, mas é quando as cigarrinhas se multiplicam para atacar posteriormente.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Cerrados, Sergio Abud da Silva, o manejo integrado também é recomendado para combater o inseto, que transmite doenças de enfezamento do milho.

Entre as medidas, estão a rotação de culturas, uso de sementes certificadas e tratadas, janelas de semeadura de 20 a 30 dias, diversificação de cultivares e aplicação de inseticidas, entre outras.

Segundo ele, o uso de inseticidas biológicos em combinação com os químicos amplia a ação de manejo do inseto-vetor. “Lembrando ainda, que após a aplicação de inseticidas, o monitoramento deve continuar para prevenir a reinfestação da área com cigarrinha”, orienta.

O pesquisador cita ainda que o cenário de demanda interna e externa pelo cereal levaram o Brasil a produzir duas e até três safras anuais do grão em diversas regiões.

“Seja cultivado ou tiguera, a presença constante de milho no campo cria um ambiente favorável ao aumento das populações de cigarrinha-do-milho e do complexo de doenças de enfezamentos, que podem causar redução de até 100% na produção da planta infectada”, alerta Abud.

Fonte: agevolution.canalrural